domingo, 25 de dezembro de 2011

NATAL, NÃO O DO MENINO-DEUS, MAS O DOS ALAGOANOS


Coletivamente, não temos muito a festejar por esse ano. Os piores índices continuam para uma terra tão bela. Será que pagamos o preço pelas almas dizimadas dos nossos ancestrais Caetés? Será que este é um teste divino? Teremos que suportar, tal qual Jó, uma série de provações? 

Os estóicos pensavam que o mundo externo não deixa nenhuma marca na nossa felicidade. Se estivermos inclinados a fazer algo moralmente correto, em qualquer situação, então seremos felizes, pouco importando as vicissitudes da vida. Mas, estamos a uma distância estelar desse pensamento. 

Certamente, uma série de bons acontecimentos marcaram, individualmente ou em família, cada um de nós. De certo que também sofremos. Claro que todos, ao menos os considerados “sãos”, desejam paz, alegria, saúde e, porque não, fortuna. Porém, não temos controle sobre tudo. Não existe, por mais que a cultura ocidental assim nos iluda, um botão ou um comprimido mágico contendo a solução dos problemas. Não dispomos sobre a fortuna, a fama, a saúde, a vida, enfim, com poder total, ao revés, somos, em verdade, impotentes. Por isso, afirmava Cícero, o segredo para a felicidade é não depender daquilo que pode ser roubado pelo fluxo dos acontecimentos que se cruzam, isso que os homens chamam destino.  Todavia, os estóicos não negavam a importância da saúde, da fortuna, do sucesso, das coisas supostamente boas, que denominavam de “indiferentes preferidos” e firmavam que, de fato, melhoram nossa qualidade de vida. 

É inexorável a comemoração de mais um fim de ano, das festividades religiosas – mesmo que, paradoxalmente, com outros propósitos –, mas, ao menos, festejemos o término deste ciclo com a mente aberta para os esforços necessários de transformação em 2012, pensando em um ano e um natal alagoano melhores, tendo por foco a ampliação dos “indiferentes preferidos”, e em mente que nossas pragas são tão humanas, quanto humanas são as energias para vencê-las. Hoje, voltados para maioria do nosso povo, falemos de natal, também, como fez o nativo Jorge Cooper

Quando o menino nasceu
Nenhuma estrela brilhou
Nenhum Baltazar
Melchior
Gaspar
O procurou
Presentes não recebeu

Filho do pecado original
Nenhuma anunciação sobrenatural
O antecedeu

sábado, 17 de dezembro de 2011

DE MENTIROSOS E RECALCADOS: BLOGS, ARTIGOS E COMENTÁRIOS DIFAMATÓRIOS NO MUNDO VIRTUAL


“A calúnia vive por transmissão, alojada para sempre onde encontra terreno.” (SHAKESPEARE, A Comédia dos Erros, Ato III, palavras de Baltasar).

“Como podeis falar coisas boas, sendo maus? Porque a boca fala do que lhe transborda o coração. O homem bom tira do tesouro bom coisas boas; mas o homem mau do mau tesouro tira coisas más. Digo-vos que de toda palavra frívola que proferirem os homens, dela darão conta no dia do Juízo; porque, pelas tuas palavras, serás justificado e, pelas tuas palavras, serás condenado." (MATEUS, 12:33-37).

A internet revelou-se, como nenhum outro, um meio de propagação midiática imediato, nela as notícias chegam primeiro. Permitiu uma abertura impressionante para a transmissão do pensamento, mas, inobstante a tal “democratização”, trouxe consigo uma série de efeitos colaterais, desde a erronia de informações, o que pode ser conferido, por exemplo, em sítios como a Wikipédia, até a difusão dos crimes contra a honra. Todavia, chama muito a atenção o lixo virtual: de um lado impropérios e asneiras em meio a uma ignorância assustadora do vernáculo, do outro o alastramento de um velho conhecido fenômeno psicológico: o recalque.

Para além, a excessiva abertura de informações produziu, colateralmente, uma acentuada e progressiva descrença nas próprias informações fornecidas. Isto aconteceu, em um primeiro momento, em relação à mídia tradicional. Começamos desconfiando da uniformidade das notícias divulgadas pelas agências e jornais pertencentes a certas famílias no Brasil. Suspeitamos se havia liberdade dos jornalistas ou fidelidade ao emprego e ao patrão. Duvidamos se os relatos eram reais ou plantados por “patrocinadores”. E, então, a profusão contraposta de fatos jornalísticos que se desenvolveu com a internet nos fez, definitivamente, expectadores descrentes, afinal, em um mundo de tantas versões, em quem confiar? 

Surgiu, por todos os lados, uma avalanche de novos gestores da moral, surfando nas ondas virtuais opiniões risíveis, desfilando virtudes que não são suas, arrotando vitupérios que só impressionam incautos provincianos. Eles próprios, alimentam sua estupidez, em um processo de egomania e egocentrismo, postando comentários nas suas páginas com nomes fictícios, em um anonimato de estelionatários. Mas, também, há terceiros que se servem de igual tipo de fraude, para, se ocultando, poder detratar as pessoas. Em ambos os casos verifica-se, como provável, o processo psicológico de recalque, que Freud descreveu como sendo uma séria neurose sexual. Derrotados, fracassados, pobres de espírito em lugar de voltar-se para si, insultam os outros transferindo suas frustrações, em um mecanismo de projeção, para um bode expiatório. Aventureiros de todo o tipo e criminosos, aproveitam-se, doutra banda, para, no anonimato - coisa comum nos deficientes morais -, vomitar suas infâmias com os mais nefastos propósitos.
             
A credibilidade das informações, neste contexto, passa a ser avaliada pelo histórico de quem as produz - o que em uma sociedade complexa e de massas, é difícil aferir -, ou pela tecnicidade do escrito - o que, mesmo assim, pode ser relativizado em face da complexidade ou amplitude de posições defensáveis em determinadas searas. Resta, pelo menos aos avisados, a facilidade de perceber os embustes diante das atecnias grosseiras e das bizarrices cometidas.
            
Mesmo sem um marco regulatório e com a ab-rogação da Lei de Imprensa declarada pelo STF, não há qualquer óbice técnico-dogmático para o ingresso judicial contra os autores das informações, os autores dos comentários (o hospedeiro tem obrigação de fornecer o IP) e o próprio hospedeiro, responsável que é pela divulgação, forte no princípio de que os direitos trazem consigo os correlatos deveres. Assim, tanto a esfera criminal, com a previsão dos delitos capitulados nos artigos 138, 139 e 140 do Código Penal (calúnia, difamação e injúria), como a cível, verificada as disposições concernentes a indenização por dano moral e eventual dano material no Código Civil, podem e devem ser utilizadas para a tutela dos direitos da personalidade lesionados, ainda que por meio virtual. É um caminho para a punição dos canalhas e, de certo modo, não deixa de ser um tratamento para o recalque.  

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

OS SONHOS E A VIDA

Com que sonham as pessoas? Que horizontes descortinam para si? Quais os seus planos para um amanhã tão ávido? “Escravos cardíacos das estrelas” nem bem nos deitamos e já pretendemos conquistar o mundo! Logo nós que nada somos na imensidão sem fronteiras do cosmos. Se pensarmos muito, muito... Porém, se há vida pela frente, se há pulsação, não podemos deixar de seguir querendo tocar os astros e os nossos sonhos, não interessa quais sejam, permanecerão para continuar nos movendo. Realizamos um, dois, cem, pouco importa, outros virão. Se secam os sonhos a vida se esvai. Tolice, diriam ou dizem os mais afeitos a realidade, realidade??? Passamos, isto é real, somos apenas um minuto, isto é real, o planeta girante que nos conduz, o seu sistema solar e a galáxia cintilante em que este se situa, morrerão, isto é real. Mas e os sonhos? Há quem diga que os sonhos são reais, e há aqueles que afirmam, afinal, que somos feitos da mesma matéria deles. É certo, contudo, querendo ou não, continuaremos sonhando enquanto vivermos: sem vida não há sonhos.